DEYAN ALEKSITCH
( SERVIA )
( 1972 - )
POESIA SEMPRE. Minas Gerais. Número 29. Ano 15 Editor Geral: Marco Lucchesi. Rio de Janeiro: MINISTÉRIO DA CULTURA / Fundação BIBLIOTECA NACIONAL, 2008. 372 p. ISSN 0104-0626 No 10 847
Exemplar na biblioteca de Antonio Miranda
Cartografia íntima
Tenha paixão cartográfica. Busco nódoas,
Mini-arquipélagos de desmazelo em minha roupa,
Recém-lavada, em camisas que bailam sem cabeça
Enquanto secam ao vento em loucos abraços
De mangas vazias. Algumas são duráveis.
As piores, dizes, são as de vinho tinto,
Resistentes, escuras, parecem segredos
Do mapa de uma pátria há muito naufragada.
Café. de vez em quando óleo de cozinha...
Um continente de lembranças em amplexo
Canhestro sobre a xícara em que esfria
O chá noturno... Minhas camisas inspeciono,
Curvado sobre elas em amnésia e receio.
Impérios podem ruir e a glória é transitiva.
Eis aí, minha querida, a higiene novamente,
Que me abre as enormes portas do meu olvido.
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Página publicada em setembro de 2024
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